Portista “fora de portas”

            Há quem diga que ser Portista em Lisboa é como andar em Meca de crucifixo ao pescoço , eu arrisco a dizer que na capital até é pacífico. Crescer Portista na Beira Alta é tão ou mais difícil.

            O meu Portismo não vem só de família, vem de dentro, vem do recreio da escola, de fazer parte de um grupo restrito de dois e das constantes incursões argumentativas tão banais como “Um amigo do meu tio viu o Pinto da Costa a almoçar com um árbitro!”, qual voz irritante que ainda hoje ecoa nos meus ouvidos, a cada festejo e a cada alegria que o Porto me dá, respondida no interior da minha cabeça “Mama p#t@!”

            Mais tarde percebi que eles cresciam em pânico, e que quanto mais nós ganhávamos, mais “quinhentinhos” apareciam.
            Sabe-me tão bem ler e ouvir falar na fruta, no Guímaro, no café com leite, no Guarda Abel, ver as veias pulsantes no pescoço de alcoviteiros profissionais. Porque quando isso acontece o F.C. Porto está a ganhar, sabe-me bem porque alguém acorda com “uns” do tamanho da 2ª Circular a pensar no que podem pegar para argumentar.

Soube-me tão bem estar num café cheio, numa mesa cheia e ser um de dois de azul vestido, naquela noite de 07 de Novembro de 2010 e gritar tanto que depois do 3º já não me levantava, mas tive pena, porque alguns deles são meus amigos de infância.
            Foi muito bom ouvir, nesse mesmo ano um a dizer-me “Vocês ganham o campeonato e nós limpamos o resto (Taça de Portugal e Liga Europa)”... Ups!

Já os vi festejar porque tinham mais gente no estádio com este por encher do que nós com o estádio lotado, no dia da consagração do nosso primeiro Tetra, já os vi escrever na página de Facebook de clubes estrangeiros com quem o Porto vai jogar a fazer queixinhas, já os vi a rejubilar porque o Danilo foi a Madrid há uns anos e teve que pagar bilhete numa visita ao Bernabéu. Eu ouço os dizer na mesma frase que são 14 milhões em Portugal e que no país está tudo contra eles, um bocado esquizofrénicos mas ok.
            A esquizofrenia sempre foi uma qualidades deles, o Paulinho era o jogador mais sarrafeiro na história do futebol português, o Armando Teixeira era um jogador raçudo, o Jorge Costa só dava pancada, enquanto que o Mozer distribuía virilidade, mas isso só nos fez bem.

Tudo isto me ajudou a ser cada vez mais Portista, porque as nossas vitórias têm um valor acrescido, a nossa exigência fez dos nossos rivais tanto ou mais exigentes porque o Porto a ficar um ou dois anos sem ganhar o clube está em crise, para eles um jejum de décadas é uma fase de restruturação.

Mas uma coisa que fique bem clara, não lhes desejo o desaparecimento, sempre muito vergados mas vivos, não fazer deles mártires.
           

“Anos de Apitos Dourados são Anus Rebentados!” ®™

P.S.: Os meu amigos de outras cores que me perdoem, fora de campo gosto muito de vocês, dentro de campo, que pulgas de mil camelos vos infestem o cu!

                                                                                                                                          JD